Ao anunciar que está fora da decisão individual e por equipes da medalha olímpica em Tóquio, a atleta norte-americana Simone Biles, 24 anos - considerada a maior ginasta de todos os tempos - nos deixa uma lição de consciência e autocuidado. Desistir da competição de Ginástica Olímpica com um pé no pódio não é para os fracos. E ela foi além: comunicou claramente que a decisão foi baseada na urgência em preservar a saúde mental, abalada pela pressão inerente à atividade esportiva de alta performance.
Ao dizer não para a competição mundial, Simone diz sim para si. Pode ter perdido a possibilidade de levar mais uma premiação, mas certamente ganha valor pessoal e deixa um legado de inspiração para quem sente desconforto em dizer não em situações da vida.
A desistência de uma competição do tamanho das Olimpíadas para uma atleta do nível de Simone Biles é um ato de coragem porque expõe a vulnerabilidade humana. Ao assumirmos nossas imperfeições, nossos problemas, geramos empatia e promovemos admiração e respeito.
Desenvolver o autoconhecimento facilita tomadas de decisões que envolvem escolhas. O medo de dizer não para os outros machuca internamente. É um ato de permissividade que repetidamente leva à infelicidade, insegurança, frustração. O "não" quando dito com justificativa ainda é, sim, um ato de coragem. Quem recebe a negativa pode não gostar, mas inegavelmente leva ao reconhecimento e valorização pessoal daquele que ousou evitar aceitação do que não lhe é caro.
Luciane Bemfica é jornalista, especialista em Gestão e Desenvolvimento de Marcas Pessoais.
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