Para ter sucesso (e atire a primeira pedra quem não deseja ser reconhecido e valorizado pelo que entrega de melhor) precisamos comunicar quem somos. Uma marca pessoal forte diferencia você do grupo e garante a longevidade profissional – porque o que você faz hoje pode não ser o que você fará amanhã. A marca pessoal garante que seu nome seja divulgado, referenciado sem que você esteja presente. Isso te coloca em uma posição favorável porque as pessoas à sua volta percebem o valor que você agrega. É que ao fazer a gestão da marca pessoal (personal branding) é você quem está no controle da sua narrativa transmitindo seu valor de forma consciente e consistente.
Quem já não perdeu alguma oportunidade para alguém com menos preparo simplesmente porque não estava pronto ou não vendeu bem o seu trabalho? Porque não é apenas sobre suas habilidades, é também sobre quem você é, quem você conhece e o posicionamento que você adota.
Trabalhei duas décadas como jornalista em empresa de comunicação e quando migrei para o branding e marketing pessoal precisei me posicionar no mercado como consultora em um cenário completamente novo. Não fosse a comunicação consistente e estratégica, eu teria demorado muito para ter meus primeiros contratos com clientes pessoas físicas. Trabalhei incessantemente na linha de frente do posicionamento da minha marca pessoal criando relevância, construindo consciência e fomentando pioneirismo nesta área no Brasil.
Dei consultoria para mais de 300 profissionais autônomos, corporativos e servidores públicos, lancei um livro digital, promovi cursos presenciais no Brasil e no Exterior e isso não aconteceu da noite para o dia. Foi preciso muito trabalho, consistência e paixão.
Que fique claro: trabalhar a marca pessoal não é, necessariamente, ser conhecido publicamente, a menos que isso seja algo que você escolha. Sua marca pessoal não precisa viver online, mas ter uma presença digital estratégica fortalecerá sua posição. No entanto, é absolutamente necessário que ela exista no mundo real.
"Simplesmente ter as competências necessárias para fazer um determinado trabalho já não é suficiente."
Não interessa se você é um fundador, executivo C, sócio, diretor, gerente, assistente, consultor, recém-formado na faculdade, estudante ou desempregado. Simplesmente ter as competências necessárias para fazer um determinado trabalho já não é suficiente. É óbvio que você precisa ter as credenciais, mas mais do que isso, independentemente da sua atividade profissional, você precisa da marca pessoal claramente definida para se destacar. Ou, mais especificamente, para colocá-lo em uma posição para ser escolhido ou recomendado para qualquer oportunidade.
O modo como você se apresenta constrói um capital social, uma imagem e conceito diretamente proporcional ao seu sucesso. É um talento conseguir entregar a mensagem que você quer para obter retorno aos seus objetivos. Trata-se de comunicar quem somos, nossos valores e o que fazemos bem.
Se o conceito de marca pessoal é novo ou estranho para você, saiba que você já é uma marca. Começa com o que faz você, você. A impressão que os outros têm de você vem de como você conta a sua história e expressa sua combinação única de personalidade, experiência e habilidades. Me refiro à comunicação verbal e não-verbal, em sua personalidade, iniciativa, atitude, escolhas, saberes, trajetória. Seja pessoalmente, por e-mail, online, nas redes sociais ou no boca a boca.
É a sua imagem e as coisas que você escolhe para se cercar. É o que as pessoas pensam sobre você, quem você é e o que você representa. A percepção que as pessoas têm de você se torna a realidade delas, quer você goste ou não. Sua marca pessoal é uma ferramenta poderosa que, se mal utilizada, pode causar danos.
Vou compartilhar todas as minhas estratégias internas com você. De CEO a estagiário e todas as funções intermediárias, é assim que você constrói uma marca pessoal impactante:
1. Tenha consciência sobre quem você é e foque no que você quer ser conhecido.
É certo é que todas as pessoas, independentemente do mercado em que trabalham, são julgadas por muitos fatores, o tempo todo. A forma como você se apresenta para as pessoas ao seu redor é um elemento que define sua marca pessoal. Se você não prestar muita atenção em como sua marca é consumida, provavelmente está fazendo uma injustiça consigo mesmo. Comece já pelo autoconhecimento. Exercícios que ajudam a conhecer-se profundamente, valorizar o que tem de diferente e a trajetória são elementos-chave da valorização da marca pessoal.
2. Tenha os seus espaços digitais: site, uma página de LinkedIn, uma biografia atraente.
Seu site é o único lugar na internet onde você obtém 100% de participação de voz sem a interferência de um algoritmo. É o seu carro-chefe pessoal para o mundo. Pode ser o seu perfil no LinkedIn ou no Instagram, que em alguns casos é tão importante quanto. Certifique-se de que todos esses elementos de marca estejam atualizados para que sua marca pessoal sempre apresente o seu melhor.
3. Saiba apresentar-se, conte sua história e saiba comunicar suas vitórias estrategicamente.
As pessoas não conseguem absorver volumes de informações, então concentre-se na coisa mais importante que você quer que as pessoas saibam sobre você. Se você não fizer isso, as pessoas vão inventar a sua própria narrativa. Faça seu próprio holofote estrategicamente.
4. Estabeleça sua marca pessoal no trabalho, ganhe capital social e cultive relacionamentos autênticos.
Não podemos ignorar a importância de como interagimos com as pessoas com quem trabalhamos. Não se trata de adicionar contatos no WhatsApp. Trata-se de construir relacionamentos autênticos, network. Crie relações autênticas. As pessoas querem contratar e trabalhar com pessoas de quem gostam. Quanto mais pessoas você ajudar, mais será lembrado. Você constrói capital social cumprindo sua promessa repetidamente, mostrando à sua rede que você é confiável e bom para trabalhar.
5. Torne-se um orador e apresentador cativante.
As pessoas não se lembrarão de uma apresentação do PowerPoint ou das estatísticas que você apresentou, mas se lembrarão de uma história envolvente que você contou. Se você quer ser um comunicador forte, mostrar um pouco do seu lado humano permitirá que o público se conecte com você (e isso vale também nas suas redes sociais). Quando as pessoas gostam do mensageiro, elas ouvem a mensagem.
6. Tenha uma estratégia para as redes sociais e construa a sua presença online.
As redes sociais proporcionam um meio para estabelecer sua voz e liderança de pensamento. É essencial que os líderes de hoje tenham uma presença online. Ser bem-sucedido nas redes sociais é, antes de tudo, contar histórias autênticas. Nenhuma regra diz que, para ter sucesso nas redes sociais, você deve compartilhar todos os aspectos pessoais da sua vida. Concentre-se em compartilhar as partes de você que apoiam seus objetivos de longo prazo e como você quer ser conhecido.
7. Gerencie sua reputação, aprenda o básico sobre as relações e sobreviva à cultura do cancelamento.
Há mais pressão do que nunca sobre os líderes para dizer o que pensam em relação às questões, mas nem todas as empresas o fazem, e nem todos os líderes precisam fazer. A parte mais crítica desse cálculo – para qualquer pessoa – é que, se você vai falar sobre alguma questão, você deve entendê-la completamente, deve calcular o impacto da opinião para você, sua empresa e além. É muito louco pensar quanto tempo leva para estabelecer uma reputação e quão rapidamente tudo pode desmoronar. Um movimento errado, um tweet, e pode ser game over. Pese as repercussões antes de falar.
8. Estabeleça seu visual e identidade visual.
Usar um estilo pessoal definido, um visual característico para comunicar quem você é antes mesmo de dizer uma palavra é uma maneira estratégica e fácil de elevar ser reconhecido.
9. Aprenda o seu valor e negocie o que você vale.
As pessoas valorizam o que pagam. Devemos saber o nosso valor nos alinharmos com a imagem que estamos tentando transmitir. Entender a correlação entre sua marca pessoal e o seu preço ajuda a solidificar a mensagem que transmite. Saber que você é bom no que faz e ser capaz de cobrar por isso às vezes é uma equação desequilibrada. Às vezes é difícil canalizar a confiança para pedir o que você merece. Então conectar-se com seu propósito para reforçar a sua capacidade cobrar o preço que merece.
10. Ultrapasse a síndrome do impostor, assuma o seu poder e posicione-se como uma marca.
Você pode se sentir diminuído, incapaz e invisível a qualquer momento, mas esta não precisa ser a sua realidade. Em vez disso, você pode optar por abraçar seu potencial. Pergunte-se: "Por que não eu?" Porque a resposta é que pode ser você.
Eu aplico esses ensinamentos na minha marca e ensino pessoas a fazerem a gestão de suas marcas nas minhas consultorias. Funciona. No entanto, depois de tudo isso você pode perguntar: por que a marca pessoal é importante para mim? Porque é provável que a sua carreira mude, e não importa o que aconteça, aposto que você tem aspirações maiores do que onde você está hoje.
O mundo é incerto. Podemos, no entanto, controlar como nos comunicamos, o modo que nos nos conectamos, a energia que emitimos e com o que escolhemos nos alinhar. Todos nós precisamos estar prontos para qualquer coisa, e o que você puder fazer para se proteger das mudanças ao seu redor, melhor você estará.
Luciane Bemfica é jornalista, trabalha com Desenvolvimento e Gestão de Marcas Pessoais em formato de consultoria individual.
@lubemfica
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